“A gente vem passando por muitas dificuldades em relação à mão de obra no campo, que está cada vez mais difícil. A idade media do cortador de cana no Nordeste aumentou muito, o pessoal está sem querer registrar a carteira e as dificuldades em relação a essa questão são enormes. Há um Projeto de Lei tramitando no Congresso que já passou pela Câmara e, atualmente, está no Senado, que propõe que o safrista não perca nenhum benefício social se assinar a carteira. Isso deve contribuir para minimizar esse problema de mão de obra que hoje está cada vez mais precário”. Essa afirmação foi feita pelo presidente da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida) e vice-presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Apelam), Pedro Campos Neto, nesta quarta-feira (27), durante participação, como moderador, do painel “A Responsabilidade Socioeconômica da Cadeia Bioenergética no Nordeste”, no Congresso Usinas de Alta Performance – UAPNE. Organizado pela ProCana Brasil, o evento aconteceu em Recife nos dias 26 e 27 de março.
Na abertura do painel, que contou com os palestrantes Alexandre Lima, Klécio Santos e Túlio Tenório, respectivamente presidentes da COAF, Pindorama e Copervales, Pedro enfatizou que já se tentou implementar várias culturas no Nordeste, a exemplo do eucalipto e seringueira, fruticultura, mas, a cultura que mais gera emprego é mesmo a cana-de-açúcar. “Eu sou a quinta geração de minha família plantando cana e posso dizer com propriedade que a geração de emprego no campo do Nordeste não pode ser dissociada da cultura canavieira”, reforçou ele. Sobre o sistema cooperativado, Pedro enalteceu a importância da união de esforços e talentos, destacando a relevância desse sistema de trabalho e os avanços que a Pindorama, Coaf e Copervales representam nesse processo de trabalho cooperativado. “Esse três cases de sucesso são gigantes. Não é fácil o sistema cooperativista no Nordeste e eu tiro o chapéu para vocês”, reiterou ele.
“Nosso primeiro contrato com a Usina Cruangi foi assinado no dia 31 de março de 2014 e, desde então, iniciamos nesse mundo do cooperativismo que, na realidade, começou com a cooperativa de insumos, cuja inspiração foi a Coagro, do RJ. Temos hoje 562 colaboradores na unidade industrial na produção de açúcar e álcool e cachaça. Nosso contrato de arrendamento com a usina vai até 2040. Começamos com 291 mil toneladas de cana moída e hoje já atingimos o recorde de 1,53 bilhão de toneladas de cana há três anos e, este ano, nos moemos 880 mil. E a gente tem que trabalhar muito porque uma usina tem um capital social enorme e a gente não pode admitir que não se feche mais nenhuma usina”, afirmou Alexandre Lima, Presidente da COAF/AFCP.
Em seguida falou Klécio Santos, Presidente da Cooperativa Pindorama. “Já estamos na 43ª safra, e esse período, significa muita luta, muito sacrifício, muito aprendizado, sul de Alagoas, a 110 km de Maceió. Área própria de 30 mil hectares, distribuída com 15 mil hectares de cana, 5 mil de pecuária, 1000 com coco, 300 com abacaxi, 100 com acerola, entre outras culturas, dividida em 1400 lotes, com a participação 32 mil pessoas e 1050 associados, produzindo diversos produtos e serviços, com 14 unidades industriais inseridas neste contexto. E uma cooperativa neste modelo é um desafio permanente. Mas, estamos atentos, seguindo em frente e avançando porque entendemos que quando se fecha uma usina, se mata uma comunidade”, afirmou Klécio.
E encerrando o painel, falou o presidente da Copervales, Túlio Tenório. “A Copervales surgiu em 2014, no município de Murici (AL), para otimizar custos de produção e diversificar nossa atividade, com a primeira moagem em 2015. Enfrentamos muitos desafios no início, sendo o acesso ao crédito o mais difícil deles. Mas, juntamos alguns fornecedores e levantamos recursos para colocar a usina para funcionar. Hoje, 95% do nosso produto é para exportação, o açúcar para o mercado interno é muito pouco e temos cerca de dois mil empregos diretos. O cooperativismo é comprometimento e nós cobramos muito isso de nossos associados”, reforçou ele.
“Fiquei muito feliz em participar do UAPNE25, que é um evento importante para o setor bioenergético, onde todos aqui reafirmam o compromisso com o fortalecimento do setor e o desenvolvimento sustentável do Nordeste, no firme propósito de contribuir para o crescimento econômico da região”, finalizou Pedro.