Unida reúne associados em Recife para debater assuntos de interesse do setor produtivo canavieiro

Unida reúne associados em Recife para debater assuntos de interesse do setor produtivo canavieiro

Enfrentamento da seca no Nordeste e situação das lavouras nas regiões produtoras, elaboração de uma proposta de subvenção, política de preço mínimo, entraves na emissão de novas outorgas d´água, ações judiciais sobre Salário Educação e Funrural. Esses foram os principais tópicos debatidos durante uma reunião da União Nordestina dos Produtores de Cana-de-açúcar (Unida) realizada nesta quarta-feira (7), na sede da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), em Recife. O momento, conduzido pelo presidente Pedro Campos Neto, contou com a participação de representantes de todas as entidades associadas, além do consultor Gregório Maranhão, do advogado Roberto Jeferson e do contador da entidade, Aderaldo Jr.
Um dos assuntos que mais preocupam os produtores na atualidade é a escassez de chuvas e o comprometimento da safra em função dessa situação. Na região Sul de Alagoas, por exemplo, o pessoal está tentando irrigar para ter semente para plantar no inverno. Lá as canas que nasceram estão curtas e houve muita falha de socaria. No Rio Grande do Norte a situação também preocupa especialmente no setor Norte do Estado, com poucas chuvas. No setor Sul a situação está mais branda pela proximidade com o litoral, mas também estima-se uma quebra de cerca de 15% na safra.
Na Paraíba também há perspectiva de redução de safra em função da escassez de chuvas, algo em torno de 15% na região Sul. “A cana tinha dado uma desenvolvida, mas com a pouca chuva complicou o desenvolvimento da planta”, afirmou Pedro Neto. Em Pernambuco a zona Norte está um pouco seca, mas dentro da normalidade. O problema é a mortalidade da planta, mas segundo Alexandre Lima, é cedo ainda para dizer como vai ficar a safra e quanto será o percentual de redução. “É certo que não iremos crescer em produção” disse o presidente da AFCP. Já no litoral a cana está grande, mas na região de Palmares e Joaquim Nabuco a situação não está muito boa. Em Sergipe a previsão é de ter redução de safra, mas, mais em função da pouca área renovada.
O consultor Gregório Maranhão lembrou que é preciso mostrar aos governantes que a perca da cana é muito maior do que o investimento necessário para tentar mitigar esse problema da queda de safra, porque ela repercute na questão social, na indústria, no comércio, etc. Ele lembrou ainda de um projeto criado para Pernambuco que pode ser ampliado para o Nordeste que é o Renovar, que orienta a renovação de 25% da área plantada. “Hoje, os produtores não têm em sua grande maioria condições de renovar o plantio sem que haja uma ajuda para tanto, por isso esse projeto é tão importante”, reiterou Gregório. Todos lembraram que é preciso aproveitar o atual momento político que favorece o Nordeste, que tem lideranças em cargos importantes do cenário nacional, e buscar articular a viabilidade deste e de outros projetos.
O presidente da AFCP, Alexandre Lima sugeriu ainda que a Unida articule junto aos agentes políticos formas de mitigar a perca de arrecadação e do preço de cana e voltou a defender a implementação da subvenção aos produtores do Nordeste. “Nós temos que ter um projeto perene e bem construído para garantir também um preço mínimo para a cana-de-açúcar porque a soja, o milho, o trigo, a uva, entre tantos outros entram no guarda-chuva do governo federal com uma política de preço mínimo e porque não incluir a cana nessa política de governo?” questionou ele, reforçando que é preciso aproveitar esse bom tempo político para avançar com essa proposta. Neste sentido ficou decidido que o próximo passo é a Unida buscar ajuda da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) para elaboração de uma proposta.
Sobre a liberação de outorgas d´água, algo que tem dificultado o acesso dos produtores a irrigação de suas lavouras, inclusive com multas muito pesadas, o diretor do Departamento Técnico da Asplan Neto Siqueira, argumentou que essa questão diz respeito às regras do Conama e que para mudar o processo é preciso alterar as normas dentro do órgão. Segundo Neto a mesma conduta vale também sobre a questão da queima da cana. A Unida também vai estudar formas de orientar melhor seus associados. No final, o advogado Jeferson Rocha participou da reunião atualizando informações sobre as ações judiciais do Salário Educação e Funrural.
“Foi uma reunião muito produtiva onde deliberamos sobre assuntos importantes para nossos associados e decidimos os próximos passos na defesa de nossos interesses” destacou Pedro Campos Neto, lembrando que a Unida tem o respaldo de representar mais de 18 mil produtores de cana do Nordeste, que juntos respondem por cerca de 50% da cana-de-açúcar produzida na região – o equivalente a cerca de 25 milhões de toneladas/safra. A reunião contou com a participação de dirigentes das associações de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte.